Dirigentes avaliam que não há espaço para Marta continuar no PT
O novo ataque da ex-ministra Marta Suplicy (PT) contra o governo da presidente Dilma e contra seu próprio partido mostra que há pouco ou nenhum espaço para ela continuar na sigla
- Data: 27/01/2015 17:01
- Alterado: 16/08/2023 15:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Ex-ministra Marta Suplicy (PT)
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Dirigentes do PT foram surpreendidos pelo artigo, publicado nesta terça, 27, no jornal Folha de S.Paulo, no qual a petista afirma que não há “transparência na condução da economia no governo Dilma” e que a situação atual “não é nada rósea como foi apresentada na eleição”.
Mais uma vez o PT não foi poupado: na avaliação de Marta, o partido “agora está atarantado sob sérias denúncias de corrupção”.
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), ao reiterar as críticas feitas em entrevista ao Estado no último dia 11, fica difícil haver um entendimento para a permanência de Marta no partido.
“Com a posição reiterada, fica difícil acreditar que ela tenha portas abertas para um entendimento”, disse. “Parece que não há muita abertura para isso.” A investida de Marta atinge em cheio o Palácio do Planalto e o PT no mesmo dia em que Dilma realiza sua primeira reunião ministerial e tenta reagir a uma enxurrada de notícias negativas, como o corte a benefícios previdenciários e a crise no abastecimento de energia e de água.
Os petistas temem que o provável desembarque de Marta do PT e sua candidatura à Prefeitura de São Paulo por um outro partido “rache” os votos de Fernando Haddad, que deverá concorrer à reeleição na capital no pleito de 2016. Se já havia dificuldades em restabelecer pontes, o artigo “azedou” de vez o clima, uma vez que os dirigentes esperavam que a senadora, ao menos ouvisse, o que a sigla teria a lhe oferecer.
“Estamos vivendo um período de morde e assopra, de críticas e afagos, inclusive de correligionários de nossa direção partidária, mas a Marta exagerou nessas críticas reiteradas, o que só dificulta a reconstrução do diálogo para a sua manutenção no PT”, diz um dos membros da executiva da sigla.
Em conversas reservadas, alguns dirigentes não poupam a senadora de críticas, alegando que ela não abriu a brecha necessária para o diálogo construtivo, ao mesmo tempo em que tenta se descolar do partido, como se nunca tivesse integrado as suas fileiras.
“Ao criticar de forma contundente o partido, seus dirigentes e a própria presidente da República, Marta se esquece que ainda é integrante do PT e que, inclusive, ocupou uma cadeira ministerial da gestão que agora critica. Se ela não está contente com os rumos atuais, ela deveria ter feito alguma coisa lá atrás, criticar agora é muito fácil. É uma forma de tentar se eximir de responsabilidade”, diz um outro dirigente.
A crise entre Marta e o PT se tornou pública com as declarações da petista ao Estado, quando ela chamou o ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante de “inimigo” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sentenciou que “o PT ou muda ou acaba”.
Um dos líderes da Mensagem ao Partido, mais crítica aos rumos do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP), disse que o artigo da senadora é “injusto e equivocado”. “É uma avaliação do momento político extremamente equivocada. Não consegue enxergar que nós tivemos um governo que conseguiu gerar emprego, distribuiu renda e garantiu direitos”, rebateu.