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Desabafo de John Neschling

Em e-mail enviado, Maestro John Neschling fala em ‘Inquisição e caça às bruxas’ para defender-se das acusações de corrupção investigadas no Theatro Municipal

  • Data: 17/08/2016 09:08
  • Alterado: 17/08/2016 09:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: John Neschling
Desabafo de John Neschling

Crédito:Sylvia Masini

O maestro John Neschling veio a público nessa terça, 16, para defender-se das acusações de corrupção que desviou pelo menos 15 milhões de reais dos cofres públicos. Segue abaixo o Inteiro Teor da nota oficial.

CAÇA ÀS BRUXAS
O resultado da investigação da Controladoria Geral do Município aponta um rombo de R$ 15 milhões nas contas do Theatro Municipal, devido a desvios, má administração e nepotismo na gestão da Fundação e do IBGC. Responsáveis já apontados nesse processo são José Luiz Herencia e William Nacked. Isso é fato. Também é fato que, nesse relatório, no que diz respeito a malfeitos e corrupção, meu nome não é nem sequer citado e por uma questão muito simples: nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou que tenha causado prejuízo ao erário. Também é fato que fui eu quem denunciou esse esquema corrupto e criminoso ao Prefeito, à Secretaria de Cultura e demais órgãos da Prefeitura. Disso, hoje, poucos lembram.

Na contramão desta realidade, sem que contra mim tenha sido produzida nenhuma prova, ou mesmo indício mínimo da prática de crime – e apenas tomando como base a palavra de Herencia, o criminoso premiado – meu nome e minha reputação são enxovalhados diariamente. Isso é surrealismo.

Também é surreal não ter sido até hoje chamado a prestar depoimento perante o Ministério Público, mesmo tendo apresentado petição no dia 8 de março deste ano, na qual disse estar à disposição para todo e qualquer esclarecimento sobre os fatos apurados, pedido que reiterei no último dia 8, o qual foi indeferido pelo Promotor. Sem me ouvir, o Ministério Público confirma ter requerido meu afastamento do cargo que ocupo no Theatro, pedido que foi indeferido pelo Poder Judiciário, mas disso não há notícia nos autos do procedimento de investigação.

É nesse enredo de ficção que agora recebo a decisão de quebra de sigilo e vejo não apenas minha correspondência, mas minha vida devassada, sem que eu tenha ainda podido ver a quais mensagens houve acesso, e dentre elas há várias entre meus advogados e mim, e jamais poderia vir a ser de conhecimento de quem quer me acusar. Meus detratores alardeiam à mídia ter a expectativa de que o conteúdo das mensagens possa revelar acertos espúrios por mim conduzidos. Nesse sentido, parabenizo a decisão da quebra do meu sigilo, porque é, na prática, a primeira chance de defesa real, porque os fatos falarão por si. Lamento apenas que minha vida privada será exposta ao público, sabedores que somos dos vazamentos que ocorrem e alimentam o cotidiano da imprensa.

A Inquisição me elegeu e, na caça às bruxas presenciada, vejo brotar supostas provas de tudo. Como o relatório da Corregedoria me inocentou, levantam agora discussões esdrúxulas sobre a legalidade da minha remuneração/contrato bem como a relação que mantenho com agentes e que segue estrito padrão da área.

É triste que jornalistas de veículos sérios comprem essas versões fantasiosas sem nem ao menos lerem com atenção o resultado do trabalho minucioso da Controladoria da Prefeitura. Amanhã, vou depor na CPI, com a tranquilidade de quem tem a consciência limpa e com o espírito de colaborar para o afastamento das mentiras lançadas, a fim de que os culpados sejam punidos, e não premiados. Quem sabe, amanhã, possa a ficção ceder, enfim, espaço à realidade.

John Neschling

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  • Data: 17/08/2016 09:08
  • Alterado: 17/08/2016 09:08
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