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Na véspera da votação, Temer tem agenda aberta para atuar ‘sob demanda’

Com uma estratégia similar à da primeira denúncia, Temer liberou verbas para emendas e ainda tem cerca de R$ 1,6 bilhão para transferir aos parlamentares

  • Data: 24/10/2017 10:10
  • Alterado: 24/10/2017 10:10
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Na véspera da votação

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Temer deve abrir as portas de seu gabinete a parlamentares conforme for procurado, nesta terça-feira, 24.

Reforçando que é o presidente do diálogo, receber deputados às vésperas de votações importantes, fazer afagos, anotar pedidos e sinalizar que pode atender aos parlamentares tem sido a praxe do governo Temer e nesta terça-feira, segundo auxiliares do presidente, não será diferente.

Mapeamento

Na noite desta segunda-feira, 23, Temer reuniu líderes da base aliada no Palácio do Alvorada para fazer um levantamento da disposição da base em derrubar a denúncia por obstrução de justiça e formação de quadrilha. Além do presidente, são alvos da acusação os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

A avaliação que foi feita é que o governo conseguirá barrar a denúncia com um placar “entre 260 e 270 votos”. Também foi reforçado – assim como na primeira denúncia – que é o momento da base aliada mostrar lealdade e que traições serão retaliadas, com perda de cargos, por exemplo. Há também por parte dos parlamentares uma cobrança para que as emendas prometidas sejam de fato liberadas.

Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo desta terça, desde 14 de setembro, quando a Procuradoria-Geral da República apresentou a denúncia por organização criminosa e obstrução da justiça contra Temer, o governo liberou quase R$ 829 milhões em emendas. Do valor total previsto para este ano, R$ 6,8 bilhões, o Planalto ainda tem cerca de R$ 1,6 bilhão para transferir aos parlamentares.

Na primeira denúncia, quando o crime em questão era corrupção passiva, Temer obteve 263 votos a seu favor e contra o seguimento da acusação – 227 foram desfavoráveis ao presidente. O resultado da votação desta quarta-feira será, na avaliação de aliados, um espelho da base de sustentação e governabilidade do peemedebista.

A estratégia do Palácio do Planalto, a exemplo da acusação por corrupção passiva, tem sido usar a liberação de emendas parlamentares e a nomeação de afilhados políticos em cargos no segundo e terceiro escalões do Executivo para conquistar mais votos.

Os esforços dos articuladores políticos do governo estão concentrados no convencimento de um grupo de 30 a 40 deputados da base que ameaçam votar contra o peemedebista.

O governo está com dificuldades mesmo dentro PMDB. Diferentemente da primeira votação, nem o partido do presidente deve fechar questão para obrigar seus deputados a votarem pela rejeição da denúncia. Partidos do Centrão, como PR e PSD, também não vão adotar essa medida. O fechamento de questão pode implicar punição a quem não seguir a orientação do partido.

Um placar maior desta vez é considerado essencial por aliados para que Temer mantenha a governabilidade e não perca o comando da agenda no Legislativo para o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Embora aliado, Maia tem se distanciado do Planalto e sinalizado que pretende adotar uma pauta mais independente.

“Já temos nove votos contra o presidente que são irrecuperáveis. Se vai ter mais votos ou não contra vai depender do cumprimento ou não da liberação (das emendas parlamentares). Se o governo não cumprir, pode ter problema”, afirmou o líder do PR na Câmara deputado José Rocha (BA).

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  • Data: 24/10/2017 10:10
  • Alterado: 24/10/2017 10:10
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