Defesa de doleiro ataca CPI e diz que ele é alvo de ‘retaliação sórdida’
Youssef, delator do Lava Jato, chamou por meio de seus advogados de defesa de 'retaliação sórdida' a iniciativa da CPI da Petrobras de quebrar o sigilo bancário e fiscal de sua família
- Data: 06/07/2015 16:07
- Alterado: 16/08/2023 15:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Doleiro Alberto Youssef
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Cinco criminalistas que fazem a defesa de Youssef, sob coordenação de Antonio Augusto Figueiredo Basto, também se voltaram contra a convocação da ex-mulher e das filhas do doleiro para prestarem depoimento na CPI. “O mal continua a proliferar em larga escala”, afirmam os advogados de Youssef.
O desabafo do doleiro, que indicou dezenas de deputados e senadores supostamente beneficiários do esquema de propinas que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014, ocorreu em alegações finais em um dos processos em que ele é acusado por corrupção passiva. Youssef pede perdão judicial sob argumento da ‘eficácia da colaboração judicial – suas revelações foram decisivas para as investigações que desmontaram o cartel de empreiteiras e a corrupção na estatal petrolífera.
Ao apontar para a CPI da Petrobras e criticar aqueles que condenam a delação, a defesa parafraseia Duque de Wellington (general e estadista britânico: 1769-1852) em suas memórias sobre a batalha de Waterloo. “O baile existiu e os convidados dele participaram.”
“Portanto, não causa estranheza a reação dos demais acusados e investigados. Agem como crianças que desejam uma coisa, mas não suas consequências. Ameaçam o Poder Judiciário e o colaborador com ‘um troco’. Cientes do poder econômico e político que desfrutam deixam no ar um lembrete – Hoje condenado, amanhã faço a lei’: basta ver que a CPI chegou ao ponto de convocar as filhas e a ex-exposa de Youssef e também quebrou o sigilo bancário e fiscal da família,quando elas jamais foram investigadas pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal, uma retaliação sórdida que demonstra que o mal continua a proliferar em larga escala.”
Os defensores invocam “os inúmeros termos da colaboração processual de Youssef e minucioso detalhamento do esquema de corrupção descrito na denúncia”. “Fica claro que sua palavra tem credibilidade e foi corroborada por vários colaboradores e também por outros meios de prova.”
Ao pedir perdão judicial para Youssef, os criminalistas buscam amparo na Lei que define punição para organização criminosa. Também pedem a transferência do doleiro da Custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR) para um ‘regime diferenciado’. “É justo que Youssef obtenha do Poder Judiciário um benefício proporcional à extensão e eficácia de sua colaboração, a começar pela possibilidade de ser removido para um regime prisional diferenciado e também lhe seja concedido o perdão judicial nessa e em outras ações penais.”
Quanto ao mérito da acusação, a defesa assinala que Youssef ‘não é e não foi o líder da organização criminosa descrita nos autos’.
“Sua participação foi subsidiária às ordens de agentes políticos e públicos, maiores responsáveis pelo esquema que desviou fabulosas quantias dos cofres da Petrobras visando a manutenção de um projeto de poder bem definido: vontade de submeter partidos, corromper ideias e subverter a ordem constitucional.”
A defesa chama a atenção para o fato de que ‘nenhum dos colaboradores destoa, todos são unânimes em afirmar que Youssef somente atuava após o acerto das propinas que era feito entre os empresários e agentes políticos e públicos’. “Cabia a Youssef a função de criar um sistema que possibilitasse a chegada do dinheiro aos destinatários”, afirmam os advogados do doleiro.