Cúpula do PT vai consultar Lula sobre declarações de Marta
A cúpula do PT optou pelo silêncio no domingo, 11, mas vai consultar o ex-presidente antes de definir como se posicionar publicamente diante das críticas feitas pela senadora Marta Suplicy
- Data: 12/01/2015 09:01
- Alterado: 16/08/2023 16:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Marta Suplicy - Senadora (PT)
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Em entrevista publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, para Marta, “ou o PT muda ou acaba”. A ex-ministra e ex-prefeita apontou “desmandos” no governo e no partido como razões para a provável saída da legenda.
O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) foi chamado de “inimigo” e o presidente do PT, Rui Falcão, de “traidor”. Ambos não quiseram comentar as declarações de Marta, assim como Lula e o Planalto. No entanto, as críticas causaram mal estar no PT e desconforto no governo.
Pessoas ligadas a Lula disseram que há quatro anos tentam fazer intrigas entre ele e Dilma, e a senadora estaria repetindo essa estratégia.
Marta assumiu a defesa do “Volta, Lula”, para que o ex-presidente fosse candidato em 2014. Vice-presidente do partido, o deputado José Guimarães (CE) disse que o tema será discutido internamente na legenda. “O silêncio é a melhor resposta (por ora)”, afirmou.
Alberto Cantalice, outro vice-presidente, deixou claro o mal-estar causado pelas declarações de Marta. “É uma entrevista muito ruim para o partido. Essas vaidades, colocando os interesses pessoais acima do partido, prejudicam muito. A militância vê isso com muito maus olhos”, considera Cantalice. “Eu lamento. A Marta teve todas as portas abertas no PT e sempre galgou os cargos que almejou. Ela não deveria ficar chutando dessa forma. Não deveria jogar para cima tudo o que o partido lhe proporcionou”, disse o deputado Vicente Cândido (PT-SP).
Na entrevista, Marta disse ficar “estarrecida com os desmandos” ao ler o noticiário. “É esse o partido que ajudei a criar?”, questionou. Apesar desses ataques, o PT por ora descarta algum tipo de punição ou mesmo expulsão da senadora, para que ela não saia como “vítima”.
Para parlamentares da oposição, a entrevista “reflete o cenário atual” de um “partido em frangalhos”, nas palavras do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). “A casa está caindo literalmente. Nessas horas, aqueles que não tinham coragem de fazer oposição se tornam corajosos e os que só tinham o sentimento do adesismo, da cumplicidade e do fisiologismo se sentem encorajados em abrir dissidência.”
Para o deputado e senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO), as declarações de Marta poderiam ter influenciado o resultado das eleições presidenciais. “Se a entrevista tivesse ocorrido antes das eleições, teria dado uma grande contribuição para o País. Teria força para mudar o rumo das eleições.”